Ética, Religião, Política e Aborto

Ética

     Será o aborto eticamente permíssivel? Mais do que uma questão biológica, esta é uma questão ética, dado que a maneira como vemos o aborto advém mais da nossa cultura do que de factores genéticos.

     Assim, este tema tem sido alvo de muitos debates nas várias sociedades mundiais.

 

Igreja Católica e o aborto

     O catolicismo, desde o século IV, condena o aborto em qualquer estado e em qualquer ciscunstâncias, permanecento esta até hoje como opinião e posição oficial da igreja católica.

     A Igreja Católica considera que a alama é incutida novo ser no momento da fecundação, pelo que proíbe o aborto em qualquer fase, pois considera que o ser já tem alma. A punição para quem faz o aborto é a excomunhão.

 

 "O aborto é um homicídio voluntário ao qual corresponde a pena de morte."

- Gregório XIV, Papa, em 1591

 

Islamismo e o aborto

     Os líderes islâmicos em geral mostram-se desfavoráveis ao aborto, mas recentemente alguns emitiram opiniões menos conservadoras. Só depois de "vestidos" com carne e osso nos tornamos humanos. Só a partir desse momento é que haveria uma punição (assassinato), segundo os juristas muçulmanos de há 1500 atrás, o que, com o debate actual, é novamente discutido.

 

Judaísmo e o aborto

     Já no século II se considerava a vida da mãe como mais sagrada que a do feto. Em 1969, o rabino David Feldman, ao prestar depoimento num processo instaurado em Nova Iorque, em que se debatia a inconstitucionalidade das leis desse Estado contra o aborto, afirmou que, do ponto de vista judaico, se o aborto não é desejável, também não é considerado um assassinato, e que em todos os casos é a saúde da mulher que prevalece, tanto no que se refere ao equilíbrio físico como psíquico. Para os judeus, tal como para os islamitas, o feto só se transforma num ser humano quando nasce.

 

Budismo, Hinduísmo e o aborto

     Para essas religiões, o ponto essencial da questão está na forma como encaram o sémen, considerado o veículo transmissor da vida. Isto significa que é no momento da concepção óvulo-espermatozóide que se dá o início da vida.

     Conclui-se, pelas visões diferenciadas dos corpos masculino e feminino, que essas religiões defendem que o homem é o portador da vida e a mulher portadora de um corpo cuja única finalidade é proteger o feto. Ambas as religiões defendem uma visão machista, onde o homem é quem tem o direito de decidir pela continuidade ou não da gestação.

 

Política

     Um pouco por todo o mundo este tema tem sido debatido pelos órgãos de poder. Na Galeria de Fotos está uma imagem alusiva à distribuição do aborto no mundo, relativamente à legislação vigente.

     Em Portugal, depois de um referendo realizado em 1998, que ditou a vitória do "Não" (51% dos votos, numa eleição com 69% de abstenção), realizou-se em 2007 outro referendo, em que o "Sim" ganhou por 59% dos votos, com uma abstenção de 70%, sendo depois aprovado no Parlamento. Deste modo, hoje em dia, é possível realizar o aborto em Portugal até às primeiras dez semanas de gestação, sendo este prazo aumentado em casos em que o bem-estar da mulher e do feto estejam em causa.

     Sondagens efectuados mostram que houve mais homens (59%) a votar "sim" do que mulheres (49%), em temos percentuais. Também se percebeu que as pessoas situadas na faixa etária 18-34 anos são aquelas que são mais favoráveis à legalização do aborto (70%).