Opinião do Senso Comum

     Para tentar perceber a opinião que a nossa geração tem acerca do aborto, decidimos questionar alguns alunos da nossa escola (66 de entre cerca de 700, o que representa cerca de 10% da população escolar da Escola Secundária de Vitorino Nemésio), e procedemos à interpretação dos resultados obtidos.

     Apesar de ser apenas uma amostra, achámos que era melhor restringir o inquérito a uma população mais jovem, que dentro de alguns anos terá o poder de decisão no país.

 

     Em termos gerais, as conclusões que tirámos foram as seguintes:

- A população mais jovem é, em termos percentuais, mais favorável à despenalização da interupção voluntária da gravidez (IVG) (cerca de 70%, que é exactamente a mesma percentagem que algumas sondagens apontavam para a faixa etária dos 18-34 anos, como referido na parte da "Política");

- O limite actual previsto na lei é, em geral, bem visto;

- Apesar disso, a maior parte da população inquirida considera que o Estado deveria impor um limite ao número de abortos realizados, por mulher, o que expressa que, apesar de em geral os jovens que constituem a amostra serem a favor da legalização da IVG, querem salvaguardar que não há "abusos" e recursos comunitários mal gastos;

- A maior parte da população inquirida não conhece pessoas que já tenham abortado, mas ainda assim quase 40% conhecem, o que prova que esta realidade é demasiado importante para ser ignorada;

- Quando questionados sobre se optariam pelo aborto caso tivessem (ou o companheiro/a) uma gravidez indesejada a resposta está longe de ser uniforme. Ainda assim, há uma maior percentagem de pessoas a tender para o "sim" do que para o "não";

- Para a maioria dos jovens questionados, a decisão de abortar, ou não, deve ser partilhada pelos membros do casal;

- A esmagadora maioria dos inquiridos considera que uma relação pouco estável é mais propícia à realização da IVG;

- A falta de condições económicas é apontada como um factor determinante na altura da decisão sobre a IVG;

- Apesar de a maior parte dos inquiridos se assumir crente, não considera que esta crença seja determinante na opinião que tem sobre a IVG;

- Quase se obtém um consenso quando se questiona sobre a informação que é disponibilizada acerca da contracepção, que é geralmente vista como suficiente. Em relação à informação que a escola dá acerca da contracepção os resultados não são tão definidos, mas ainda assim a maioria considera-a suficiente, sucedendo o mesmo em relação à informação disponibilizada no meio familiar;

- Verifica-se que, regra geral, os homens mostram-se mais favoráveis à legalização da IVG, o que vai de acordo com as sondagens que afirmam que houve mais homens (59%) a votar "sim" do que mulheres (49%).